INBEB na 46ª Reunião Anual da SBBq
O INBEB teve uma participação especial na 46ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular (SBBq), que aconteceu de 27 a 30 de julho, no Hotel Monte Real Resort, em Águas de Lindóia, em São Paulo. O INCT de Biologia Estrutural e Bioimagem montou um estande informativo na ExpoSBBq, no qual, além de informar sobre o funcionamento do instituto, realizou atividades educativas e de divulgação científica, com a exibição de vídeos, a realização do jogo Proteinopoly e a apresentação da peça "Por debaixo dos papers", do grupo teatral ArCênico.
Grupo teatral ArCênico homenageia o Prof. Leopoldo De Meis durante a reunião anual da SBBq.
No dia 28 de julho, a trupe apresentou a esquete "Leopoldo De Meis - A Arte de Fazer Ciência", no Salão Real, durante o Prêmio SBBq Leopoldo de Meis, concedido à pesquisadora Helena Nader. A apresentação indaga sobre o propósito de se fazer ciência, mesclando ficção e depoimentos reais de cientistas sobre suas motivações e desafios pessoais no cotidiano da pesquisa no Brasil, e culmina em uma homenagem ao Prof. Leopoldo De Meis.
Durante a programação científica, Hernan Terenzi (UFSC) apresentou, como chair, a conferência “Chemical Pharmacology of Protein Conjugates”, ministrada por Gonçalo Bernardes, da Universidade de Cambridge; Carlos Ramos (UNICAMP) coordenou o simpósio “Protein and Genome Homeostasis”; Fernanda Tovar-Moll apresentou a conferência “Imaging Brain Connectivity”, apresentada por Jerson Lima da Silva (IBqM/UFRJ), que também participou do simpósio “Zika virus: Structural, Immunological and neurological aspects”.
Autoridades e participantes do congresso visitaram o estande do INBEB durante o evento.
Papel das chaperonas na homeostase
A estrutura e atuação de chaperonas na homeostase proteica e celular foram temas abordados no congresso na manhã do dia 29 de julho. Na mesa coordenada pelo pesquisador do INBEB Carlos Ramos, do Instituto de Química da Unicamp, o pesquisador mostrou resultados recentes da estrutura da chaperona Hsp70, importante na proteção contra o mau enovelamento e contra a formação de agregados de proteínas.
A afirmação de que uma proteína pode interagir com até 25 chaperonas durante o seu tempo de vida na célula vem do estudo do Prof. Walid Houry, do Departamento de Bioquímica, da Universidade de Toronto, no Canadá. Houry mostrou um mapa de interações físicas e genéticas entre chaperonas e correlacionou ambos os dados, destacando que o conjunto de chaperonas são bem conectadas entre si e funcionam de forma mais independente que outros grupos de proteínas dentro da célula.
Carlos Ramos (UNICAMP) no Simpósio Protein and Genome Homeostasis.
No simpósio, também estiveram presentes, como palestrantes, o Prof. Julio Cesar Borges, da Universidade de São Paulo, e a Prof. Maria Isabel Nogueira Cano, do Instituto de Biociências da Unesp Botucatu, que apresentou o trabalho de seu grupo de pesquisa sobre o papel de uma chaperona na atividade da telomerase em diferentes fases do ciclo de vida do protozoário Leishmania.
Zika: da estrutura à potencial terapia
Desde de sua primeira aparição, em 1947, na África, o vírus da zika se espalhou pelo mundo e chegou ao Brasil em 2015, provocando graves doenças, como a microcefalia. Aspectos estruturais, neurológicos e imunológicos do vírus Zika foram tratados no simpósio organizado pelo Prof. Glaucius Oliva, do Instituto de Física de São Carlos da USP e que contou com a participação do coordenador do INBEB Jerson Lima Silva (IBqM/UFRJ).
A partir de um estudo bem-sucedido de inativação do vírus da febre amarela por alta pressão, Jerson e seu grupo estão desenvolvendo uma metodologia para inativação do vírus zika como potencial protocolo de vacinação. O pesquisador apresentou ainda estudos com o uso de RMN para mapear interações e determinar a estrutura da proteína do capsídeo viral. Ao final, destacou que 13% das publicações mundiais sobre zika são de autoria brasileira, dando ênfase ao valor da ciência produzida no país. O Prof. Glaucius Oliva também mostrou que há competitividade na ciência brasileira com relação aos demais países, ao afirmar que seu grupo de pesquisa levou apenas 15 dias entre a purificação de uma proteína e a publicação do artigo científico. “Apesar de termos dificuldades, podemos ser competitivos”, afirmou Oliva.
Jerson Lima Silva (IBqM/UFRJ) no simpósio Zika virus: Structural, Immunological and neurological aspect.
O pesquisador Lucas Bleicher, do Departamento de Bioquímica e Imunologia da UFMG, apresentou sua pesquisa que busca, por meio de técnicas de biologia computacional, por regiões conservadas nas proteínas de flavivírus – grupo que inclui o vírus da zika, da dengue e da febre amarela. A pesquisadora Patrícia Braga, da USP, trouxe resultados da pesquisa sobre zika e microcefalia, buscando responder como a zika afeta o processo de neurogênese.
Cérebro em imagens
Com pesquisas inovadoras na área de imageamento cerebral, Fernanda Tovar-Moll, do Instituto DOR e do Instituto de Bioquímica da UFRJ, trouxe um panorama de técnicas e estudos sobre conectividade do cérebro, plasticidade cerebral e neuromodulação. A pesquisadora abordou a relação entre a amputação de membros do corpo e a plasticidade neural. “90% dos pacientes que tem um membro amputado mantém a sensação do membro perdido como se ainda estivesse em seu local de origem, conhecida por Síndrome do Membro Fantasma”, afirmou. “No entanto, em indivíduos que já nasceram sem algum membro, a síndrome se manifesta em apenas 10% dos casos”.
Tovar-Moll aposta no imageamento como uma ferramenta poderosa para entender o desenvolvimento cerebral em situações normais e patológicas, como é o caso da pesquisa com imagens cerebrais de bebês diagnosticados com microcefalia, após infecção por zika na gestação. A pesquisadora em associação com demais colaboradores desenvolve uma pesquisa com bebês desde o pré ao pós-natal e identifica sinais alarmantes de mau desenvolvimento cerebral devido à enfermidade. “A microcefalia é um sinal, mas há muitas outras mudanças no desenvolvimento cerebral, como o desenvolvimento anormal do córtex, da laminação e da mielinização”, destaca Fernanda.
Fernanda Tovar-Moll apresentou a conferência Imaging Brain Connectivity durante a reunião da SBBq.
Confira o álbum de fotos do INBEB na 46ª Reunião Anual da SBBq: <https://www.facebook.com/pg/INCTdeBiologiaEstruturaleBioimagem/photos/?tab=album&album_id=810229735811755>.
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