Após conhecer as instalações para pesquisa do centro de multiusuários, o ministro ouviu pesquisadores da UFRJ sobre a necessidade da continuidade dos investimentos na área de ciência e tecnologia.

Nesta manhã, o ministro Gilberto Kassab, do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, fez uma visita ao Centro de Biologia Estrutural e Bioimagem (Cenabio), situado na Universidade Federal do Rio de Janeiro, e participou da cerimônia de inauguração da Unidade III, que reúne equipamentos de última geração em microscopia ótica e eletrônica, e já está em funcionamento desde janeiro de 2016. Durante a visita, o ministro foi apresentado aos três centros que compõem o Cenabio e permitem o desenvolvimento de pesquisas em biologia estrutural desde o nível molecular até o imageamento de pequenos animais.

Ministro Gilberto Kassab, vice-reitora da UFRJ Denise Nascimento e diretor do Cenabio Adalberto Vieyra em cerimônia de inauguração da Unidade III do Cenabio.

Na Unidade III, o ministro visitou diferentes microscópios em funcionamento e visualizou imagens obtidas por eles, como o microscópio eletrônico de varredura de alta resolução Zeiss Auriga 40, o qual permite detalhar, por exemplo, a superfície do parasita da toxoplasmose. Na Unidade II, foi apresentado ao equipamento de ressonância magnética nuclear 7,0 Tesla, que foi usado em pesquisas sobre o efeito do vírus da zika em camundongos. Na Unidade I, onde são realizados estudos de estrutura e dinâmica de biomoléculas por meio de equipamentos de ressonância magnética nuclear (RMN), o ministro conferiu o recente espectrômetro de RMN de 900MHz adquirido pelo centro, único em funcionamento na América Latina, que possibilita visualizar estruturas mais complexas e está sendo usado, por exemplo, para auxiliar na elucidação da estrutura do capsídeo do vírus da zika.

Durante a conversa com Kassab após a visita às instalações, o diretor do Cenabio Adalberto Vieyra descreveu o trabalho desenvolvido pelos pesquisadores dos centros com destaque para o futuro que está sendo desenhado, com a abertura de novos campos e fronteiras do conhecimento. Um dos idealizadores e criadores do centro, o pesquisador Fábio Almeida chamou a atenção para a importância da criação de uma estrutura de multiusuários e da área de biologia estrutural, que vem ganhando força desde 1953 com a descoberta da estrutura de dupla hélice do DNA, e se destaca como uma área proeminente com importantes aplicações clínicas e potencialidades terapêuticas. “Somos a maior estrutura em ressonância magnética nuclear na América Latina”, afirmou Fábio. “O impacto disso vem principalmente de nossa capacidade de formação de recursos humanos e de nossa produção científica”.

Ministro visita as instalações do centro de microscopia do Cenabio.

Pesquisadora de referência na área de imageamento cerebral, Fernanda Tovar-Moll destacou a importância de montar uma plataforma de processamento de imagens e o desafio que o centro tem encontrado em integrar essa base de dados para gerar resultados mais eficazes. O trabalho desenvolvido por Moll e sua equipe sobre os danos causados pela infecção por zika no cérebro de bebês foi citado inclusive no New York Times. Outro destaque é a iniciativa de criação de uma startup, liderada pelo pesquisador Marcius Almeida, para a produção de fármacos para tratar leucemia liinfoblástica aguda, que atinge principalmente crianças. “Fico feliz de afirmar que já conseguimos produzir o fármaco em grandes quantidades”, ressalta Almeida, ao pontuar a necessidade de buscar investimentos para dar continuidade ao empreendimento.

Ao tratar do contingenciamento de recursos para a área de ciência e tecnologia, o coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Biologia Estrutural e Bioimagem (INBEB) e diretor científico da Faperj, Jerson Lima da Silva, fez um apelo ao ministro sobre a situação drástica do Estado do Rio de Janeiro com atrasos de bolsas de pesquisa e de pagamentos de auxílios. “O Rio de Janeiro representa cerca de 25% da produção científica do país. Estamos vendo pesquisadores saindo do país e a saída é qualitativa. Estamos correndo o risco de retroceder algumas décadas”, lamentou Silva. O ministro manifestou seu apoio, reconhecendo a importância das demandas e das necessidades apresentadas pelos pesquisadores e afirmou: “Precisamos trazer o apoio da opinião pública para que se possa mobilizar pelas nossas demandas”.

Durante a visita, estavam presentes ainda pesquisadores do comitê gestor do Cenabio – Prof. Wanderley de Souza, Prof. Kildare Miranda e o Prof. Emiliano Medei –, a vice-reitora da UFRJ Denise Nascimento, a pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação Leila Rodrigues, a decana do CCS Maria Fernanda Quintela, o diretor do Escritório Técnico Universitário Ivan Carmo e diversos pesquisadores da UFRJ e associados ao Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Biologia Estrutural e Bioimagem (INBEB). Além disso, estavam presentes os representantes da FINEP Ricardo Rosa, da Área de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e Infraestrutura; Edgar Dos Santos Rocca, da Àrea de Fomento à Instituições de Pesquisa e Programas Descentralizados; e Rodrigo Costa, assessor da Diretoria de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

Por Gabriela Reznik (Ascom/INBEB)

Publicado em 14/08/2017